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sábado, 7 de abril de 2007

Softwares educacionais têm eficácia duvidosa

Segundo o Washington Post, estudo nos EUA mostrou que o uso de softwares de matemática e apoio à leitura não resultou em melhor desempenho de alunos que o proporcionado por métodos tradicionais .

No momento em que o governo brasileiro estuda implementar o projeto UCA, cabem reflexões sobre a pesquisa.

A matéria não fala nos projetos pedagógicos por trás da implementação de softwares educacionais.

Um dos pontos a refletir é justamente a diferença entre o tipo de software usado pelas escolas norte-americanas e o tipo de software proposto pelo projeto OLPC. Até o momento, o que o OLPC mostra são programas para comunicação e expressão a serem usados como ferramentas para a descoberta. O que fazer com eles depende das atividades propostas pelos professores.

Já os programas norte-americanos, pelo que entendi, são espécies de tutorais.

Por outro lado, no final da matéria há uma aula de jornalismo:

"To persuade companies to participate in the study, researchers promised not to report the performances of particular programs. Among the businesses whose products were in the study were LeapFrog SchoolHouse, PLATO Learning, Scholastic Inc. and Pearson. (The Washington Post Co. owns Kaplan, a test preparation company that sells education software. Kaplan applied to be in the study but was not included.)"

Ou seja: o diário deixa claro ao leitor que tem uma empresa de material educacional não escolhida para participar dos testes. Fica a cargo do leitor decidir se a matéria falando dos concorrentes foi enviesada ou não.

Um comentário:

Denise Vilardo disse...

Vou dizer o óbvio...

Nenhum objeto é valorado por si. As pessoas é que atribuem valores e fazem julgamentos de acordo com a sua necessidade.

Por que continuamos supervalorizando o poder de máquinas e ferramentas, como se fossem mais poderosos que o pensamento humano?

Os softwares por si, não são bons nem maus. Não ajudam nem prejudicam ninguém. O uso que fazemos deles é que irá torná-los mais ou menos produtivos.

Como nenhum ato educativo é despido de intencionalidade, há que se ter um projeto político-pedagógico que oriente o "aonde quer se chegar".

Sem consciência do processo, não se chega a lugar algum e aí fica fácil, pra não dizer, leviano, dizer que a eficácia do produto é duvidosa.

Lembra da história da bomba atômica, cujos estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência no século passado? Pois é... serviu também pra fazer o que se fez. E a culpa é da bomba?

Essa discussão é antiga... é do tempo em que o Mar Morto ainda estava doente... ;)