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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Gutemberg, aquele maldito capitalista!

Quando o ourives Johannes de Gutemberg teve a idéia de cortar uma xilogravura em pedacinhos e reutilizar as letrinhas numa prensa de uva, não deve ter imaginado o tsunami que provocaria na cultura ocidental. Mas ele sabia que era uma boa idéia, e que deveria dar um bom dinheiro.

Naquela época, 1440, fim da idade média, um livro escrito à mão tinha preço inimaginável. Praticamente apenas reis iletrados e a igreja podiam ter livros. Com a invenção e com as melhorias do seu auxiliar, calígrafo Peter Schöffer (pouco citado co-autor da imprensa), Gutemberg esperava ser bem monetizado. Para conseguir isso, associu-se ao banqueiro Johannes Füst, e tomou emprestado 800 ducados, depois mais 800, para criar uma empresa.

O negocinho tinha inovação, tinha empreendedorismo, tinha pesquisa e desenvolvimento, objetivava lucro e precisava de investimento para funcionar. Até nome, o empreendimento tinha: Das Werk der Bücher, A Fábrica de Livros. O primeiro objeto feito em série no mundo era um produto cultural. E, claro, a primeira fábrica se ralou nas mãos da banca: o véio não conseguiu pagar os empréstimos e Füst tomou as oficinas. Tomou também o auxiliar, pois Schöffer se bandeou pros lados do usurário (empregado é sempre ingrato!). BTW, mais tarde, Füst tentou vender ao rei da França um livro impresso como se fosse escrito à mão, maior 171. Foi descoberto, foi preso, fugiu. Banca é banca em qualquer época.

Porque dava muita grana, a imprensa se espalhou pela Europa em apenas dez anos, e pelo mundo logo em seguida. Muito mais rápido do que os computadores se espalharam hoje, tomadas as devidas proporções.

Mas livro impresso ainda era caro: custava o salário de três anos de um artesão. O papel era feito de trapos. Um quilo de trapo custava o mesmo que um quilo de alumínio, hoje (History Channel, 2007). Só depois da invenção de papel de madeira a publicação em grande escala ficou barata e pode deslanchar.

O pecado católico do lucro já tinha sido arrasado pela Reforma, não tinha mais jeito. Surgiram os panfletos opinativos e noticiosos. Com o sucesso dessas publicações, as pessoas viram que também podiam ganhar dinheiro vendendo papel com tinta, como os editores de livros. Viram também que podiam se monetizar mais um pouquinho colocando anúncios na publicação. Surgiu o jornalismo impresso moderno (esse que está em decadência).

Qualquer semelhança com blogs não é mera coincidência.

Bibliografia: La Composición en Artes Graficas, Biblioteca Profesional E.P.S. Dom Bosco: Barcelona, 1970.

2 comentários:

Carlos d'Andréa disse...

Uai, Meira, tá com um blog agora? Gostei do post, indiquei lá no blog. Abraço, Carlos d'Andréa

José Antonio Rocha disse...

Hehe! É um site que usa, como sistema de publicação, o blog do Google. Mas não sou blogger! Não sou blogger! :)

Abração!