O que sai na mídia sobre aprendizado digital

domingo, 29 de abril de 2007

Idéia de educação da Intel/Positivo é uma piada de mau gosto

Na revista ARede, Lea Fagundes bota a boca no trombone: projeto da Intel/Positivo é uma picaretagem de marqueteiros.

ARede • Os outros computadores em teste no governo têm uma solução pedagógica?
Léa • Eles não têm teoria nem práticas pedagógicas diferentes. São para o ensino tradicional. Isso é que me dói. Tu vai fazer uma despesa danada, e não mudar nada. O governo está encantado com o ClassMate. Custa US$ 400, mas a Intel, que fez parceria com o Bradesco e a Editora Abril, paga a formação do professor, o transporte, dá a estrutura de rede para a escola. São módulos padronizados no mundo inteiro. E a Intel me diz: 'somos uma multinacional, damos o mesmo conteúdo aqui, que damos em outros países'. Ou seja, não muda nada. Eu perguntei à coordenadora do programa do ClassMate quem dará esses cursos, ela respondeu que ela era mesma. A formação dela? Administração de Empresas. O outro, MBA, Marketing. Ou seja, a Intel vai formar professor para usar a máquina deles.

Para fabricar, a Intel procurou a Positivo. Vou dar um exemplo do que se trata. Fui a uma escola em São José dos Campos (SP) com 20 máquinas, crianças de 7ª série, todas sentadas, com a professora e um técnico ajudando. É uma aula de geografia, do capítulo do livro didático, mas todo o seu conteúdo está na internet. Pedi para baixar do site. Conteúdo de quem? Da Positivo. Era o homem pré-colombiano, mas a imagem não tinha nada de pré-colombiano, era elegante, magro, alto. E com roupinhas, para o aluno vestí-lo. É isso, roupinhas de boneca para vestir o homem pré-colombiano?

A Positivo tem 700 mil páginas na internet, que cobrem conteúdos de todas as matérias, de todas as séries. Está tudo pronto. O professor acha uma maravilha. Por que? Ele não precisa preparar a aula, não precisa planejar. Quando termina a aula, já tem teste pronto, e o programa diz o que as crianças erraram. Mas qual é a função do professor, então? O professor não precisa pensar?

É justamente o tipo de material que não faz diferença de aprendizado, conforme algumas pesquisas recentes nos EUA.

Ensino por rede no UCA/OLPC

Excelente matéria com a profa. Lea Fagundes na revista ARede mostra as relações do proejto UCA/OLPC com EaD. Uma palhinha:

ARede • Como está sendo a capacitação dos professores para o XO?
Léa • Aqui em Porto Alegre, tive que escolher uma escola com 400 alunos, o número de laptops que teríamos. Encontrei uma escola com 350 alunos e 50 professores, da 1ª à 9ª. Fizemos um seminário de dois dias. Apresentamos a pesquisa do LEC, como vamos fazer funcionar o modelo do XO, as propostas pedagógicas, o que já existe de produção de conhecimento científico. Trabalhamos com os dez XOs que tínhamos, em rodízio.

Prometeram nos mandar mais cem XOs depois do carnaval. Chegaram no Brasil, mas a alfandêga não liberou. Nem o MEC. Decidimos formar monitores com alunos da 7ª à 8ª séries que gostam de computadores. Eles vieram fazer a formação com os professores, para ajudar quando chegassem os computadores.

Então resolvemos fazer uma Formação Continuada em Serviço. Os professores trabalham de manhã, de tarde, de noite, e ganham pouco. Não têm tempo para sair e fazer cursos. Mas têm duas horas por semana para planejar. Essa é a hora teórica do curso; e as aulas, as horas práticas. Estamos documentando tudo. Se o Brasil comprar mais um milhão de XOs, teremos que formar 40 mil professores, em alguns meses. E quem vai fazer isso? Essas 40 professoras, nós e os meninos, a distância.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Forbes: a alma de um novo laptop

Boa matéria sobre o OLPC na Forbes:
http://members.forbes.com/forbes/2007/0507/100.html

Umas palhinhas:

"There would be no way to launch and ramp in any way other than open and viral," Negroponte says in an e-mail exchange from Taiwan, where he is dealing with manufacturing. "A command-and-control model, the way one runs an army, is not well suited for newideas."

One laptopmaker refused early on to get involved because, it claimed, success would require "ten or twenty" miracles

"There's a risk in showing something that isn't finished," Bender says. "But there's a greater risk in waiting." He expects there to be 500 million laptops in the hands of poor children five years from now--both the XO and other low-cost models under development. 

Via OLPC News.

sábado, 21 de abril de 2007

Entrega dos laptops de US$ 100 deve atrasar para o 3º trimestre

Deu na IDG Now. É incrível! Um projeto de tecnologia vai atrasar! Como foi acontecer isto? ;-)

Asustek prepara cinco laptops de baixo custo

Deu na Geek: Asustek prepara cinco laptops de baixo custo.

Os modelos terão aramazenamento de massa em memória Flash, como o XO, e ficarão na faixa de $199 a $549.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Microsoft venderá software de 3 dólares

O efeito OLPC já atingiu a Chuck Norris do software desktop: a
Microsoft começará a vender pacotes de programas por 3 dólares para o
pobrerio.

O Windows é aquele que só abre três janelas de uma vez...

http://pcworld.uol.com.br/noticias/2007/04/19/idgnoticia.2007-04-19.5804961412

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Fwd: [Argentina] De la Batalla de los Laptops a la Batalla de los Modelos Educativos

Email que rolou na lista OLPC argentina. Daniel Ajoy chama atenção para um ponto importante: a capacitação contínua do professor.

Não se pode esperar que uma professora de, digamos, Bom Jesus do Araguaia, MT, Brasil, viaje constantemente para a capital Cuiabá para fazer cursos de capacitação. No entanto, com seu laptop e acesso permanente à internet, ela pode fazer cursos sem distância, participar de fóruns com outros professores, se atualizar, estudar milhares de textos, desenvolver experiências com outras classes a milhares de quilômetros.

---------- Forwarded message ----------
From: danieloso <danieloso@gmail.com>
Date: Apr 18, 2007 3:17 PM
Subject: Re: [Argentina] De la Batalla de los Laptops a la Batalla de los Modelos Educativos
To: Daniel Ajoy <da.ajoy@gmail.com>
Cc: argentina@laptop.org

Después de algunas semanas de reflexión personal y en el propio
instituto donde trabajo las conclusiones son las siguientes.

1. El rol del maestro como el "dueño" de la información y el
conocimiento ya caducó porque la laptop hace lo mismo y es más
económica.
2. El nuevo rol del maestro debe ser el mediador, moderador y
motivador de los alumnos.
3. La computadora para el maestro debe ser una herramienta de
capacitación continua.
4. La computadora para el alumno debe ser una herramienta de creación
y exploración.

El único punto debil que siento en el proyecto OLPC es que debería de
existir uno paralelo que se llamara One Laptor per Teacher. Considero
que la forma en como se le acerca la tecnología a los maestros y a los
alumnos debe ser muy diferente.

Mi conclusión: Independientemente de la estrategia docente que se
implemente con el proyecto OLPC, si esta estrategia no se centra en
capacitar a los maestros en lo docente y en lo tecnologíco el proyecto
no prosperará a corto plazo.

Saludos!
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terça-feira, 17 de abril de 2007

Um Laptop Por Cidadão, Um Voto por Cabeça

A lista OLPC Brasil recebeu o post abaixo. Pode ser o início prático de uma revolução inevitável: a democracia direta permitida pelas tecnologias digitais em rede.

O ideal de um voto por pessoa, sem representates, pensado durante a Revolução Francesa, está cada vez mais próximo de ser alcaçado, pelo menos tecnicamente.

---------- Forwarded message ----------
From: Nolambar von Lómeanor <nolambar@gmail.com>
Date: Apr 16, 2007 11:40 PM
Subject: [OLPC Brasil] GSoC project about democacy
To: brasil@laptop.org

Hi,

I'm going to develop an electronic distributed voting for the OLPC platform under the SoC program.

I've heard that in Brasil some are thinking about democracy experiments over OLPC initiative, and i'Il want to know about your ideas to enhance my project and make it useful for the people who will use it.

http://wiki.laptop.org/go/Stirme

Any comment, suggestion, critics, enhancements please let me know.

Kinds

Post Scriptum: Sorry about writing in english in a brasilian mailing list, but i do not know portugese, if anybody wish to talk in spanish is other alternative.
--
Ignacio Vergara

http://nolambar.blogspot.com <- mi blog

O PlaySation 3 das crianças

Esse maluco conseguiu instalar um Fedora num videogame PlayStation 3.
Mais um pouco, instala um Sugar e inaugura o projeto OPS3PC (One
PlaySation 3 Per Child).

Assunto altamente geek, mas fica o registro:

http://www.advogato.org/person/dwmw2/diary.html?start=161

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Não vou mais falar "Educação a Distância"

Não tem sentido falar em "Educação a Distância". O que as tecnologias de comunicação atuais mais fazem é diminuir distâncias. Vou me referir de agora em diante a "Educação SEM distância ", como fala o professor Norberto Etges.

Educação a Distância é obrigar crianças da roça a passarem quatro horas por dia dentro de um ônibus escolar.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Gutemberg, aquele maldito capitalista!

Quando o ourives Johannes de Gutemberg teve a idéia de cortar uma xilogravura em pedacinhos e reutilizar as letrinhas numa prensa de uva, não deve ter imaginado o tsunami que provocaria na cultura ocidental. Mas ele sabia que era uma boa idéia, e que deveria dar um bom dinheiro.

Naquela época, 1440, fim da idade média, um livro escrito à mão tinha preço inimaginável. Praticamente apenas reis iletrados e a igreja podiam ter livros. Com a invenção e com as melhorias do seu auxiliar, calígrafo Peter Schöffer (pouco citado co-autor da imprensa), Gutemberg esperava ser bem monetizado. Para conseguir isso, associu-se ao banqueiro Johannes Füst, e tomou emprestado 800 ducados, depois mais 800, para criar uma empresa.

O negocinho tinha inovação, tinha empreendedorismo, tinha pesquisa e desenvolvimento, objetivava lucro e precisava de investimento para funcionar. Até nome, o empreendimento tinha: Das Werk der Bücher, A Fábrica de Livros. O primeiro objeto feito em série no mundo era um produto cultural. E, claro, a primeira fábrica se ralou nas mãos da banca: o véio não conseguiu pagar os empréstimos e Füst tomou as oficinas. Tomou também o auxiliar, pois Schöffer se bandeou pros lados do usurário (empregado é sempre ingrato!). BTW, mais tarde, Füst tentou vender ao rei da França um livro impresso como se fosse escrito à mão, maior 171. Foi descoberto, foi preso, fugiu. Banca é banca em qualquer época.

Porque dava muita grana, a imprensa se espalhou pela Europa em apenas dez anos, e pelo mundo logo em seguida. Muito mais rápido do que os computadores se espalharam hoje, tomadas as devidas proporções.

Mas livro impresso ainda era caro: custava o salário de três anos de um artesão. O papel era feito de trapos. Um quilo de trapo custava o mesmo que um quilo de alumínio, hoje (History Channel, 2007). Só depois da invenção de papel de madeira a publicação em grande escala ficou barata e pode deslanchar.

O pecado católico do lucro já tinha sido arrasado pela Reforma, não tinha mais jeito. Surgiram os panfletos opinativos e noticiosos. Com o sucesso dessas publicações, as pessoas viram que também podiam ganhar dinheiro vendendo papel com tinta, como os editores de livros. Viram também que podiam se monetizar mais um pouquinho colocando anúncios na publicação. Surgiu o jornalismo impresso moderno (esse que está em decadência).

Qualquer semelhança com blogs não é mera coincidência.

Bibliografia: La Composición en Artes Graficas, Biblioteca Profesional E.P.S. Dom Bosco: Barcelona, 1970.

Matéria sobre o laptop de 3 watts na IEEE Spectrum

Na revista da sociedade de engenheiros elétricos.

Me chamou atenção a falta de compreensão pedagógica que rola pelo mundo. Repare nesta fala:

Says Lee Felsenstein, chief technical officer of Fonly, a product development firm in Palo Alto, Calif., and a pioneer in personal computer design, "The kids will pass notes. It happened in college lecture halls, and the teachers turned the wireless network off, because no teacher allows the passing of notes in class. Likely, the laptops will be banned from classrooms."

Imaginem: as crianças irão se comunicar! isto não pode!

É fortíssima a visão de salas de aula como o lugar onde o professor manda e as coisas têm de ser como ele quer. Como nas empresas, lugares mais autoritários que a extinta "cortina de ferro", onde cada um deve ficar em sua escrivaninha ou cubículo sem falar com os outros.

A crítica acima se refere a uma atitude típica do ser humano: compartilhar informação, se comunicar, se ajudar. É evidente que o laptop das crianças não serve para uma pedagogia industrial e autoritária. Por isso a ênfase em que OLPC não é projeto de laptop, é projeto educacional, de uma pedagogia nem tão nova mas que ainda não entrou em muitas cabeças fechadas de professores e profissionais da informática.

sábado, 7 de abril de 2007

Softwares educacionais têm eficácia duvidosa

Segundo o Washington Post, estudo nos EUA mostrou que o uso de softwares de matemática e apoio à leitura não resultou em melhor desempenho de alunos que o proporcionado por métodos tradicionais .

No momento em que o governo brasileiro estuda implementar o projeto UCA, cabem reflexões sobre a pesquisa.

A matéria não fala nos projetos pedagógicos por trás da implementação de softwares educacionais.

Um dos pontos a refletir é justamente a diferença entre o tipo de software usado pelas escolas norte-americanas e o tipo de software proposto pelo projeto OLPC. Até o momento, o que o OLPC mostra são programas para comunicação e expressão a serem usados como ferramentas para a descoberta. O que fazer com eles depende das atividades propostas pelos professores.

Já os programas norte-americanos, pelo que entendi, são espécies de tutorais.

Por outro lado, no final da matéria há uma aula de jornalismo:

"To persuade companies to participate in the study, researchers promised not to report the performances of particular programs. Among the businesses whose products were in the study were LeapFrog SchoolHouse, PLATO Learning, Scholastic Inc. and Pearson. (The Washington Post Co. owns Kaplan, a test preparation company that sells education software. Kaplan applied to be in the study but was not included.)"

Ou seja: o diário deixa claro ao leitor que tem uma empresa de material educacional não escolhida para participar dos testes. Fica a cargo do leitor decidir se a matéria falando dos concorrentes foi enviesada ou não.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Matéria na revista Exame sobre laptop das crianças

Revista Exame fala sobre o projeto Um Computador por Aluno.

Engraçado a avaliação do jornalista. Ele diz que o XO "tem capacidade de processamento limitada". O que significaria isto? Limitada a quê? Ele tem desempenho aproximado ao do meu laptop Toshiba 2550 e ao meu AMD K6-2, que ainda estão em uso aqui em casa.

Toshiba 2550: Celeron 600 MHz, 192MiB de RAM, 980 bogomips.
AMD: processador K6-2 500MHz, 192MiB de RAM, 1090 bogomips.

O bogomips é uma medida do "laço vazio" do processador (o processador repetindo "nada"), usada para calibragem do Linux. Não mede o desempenho geral de um computador, mas serve para termos uma idéia aproximada do processamento. O antigo Geode GX do laptop XO faz 731 bogomips a 364 MHz. O novo Geode LX, com 433MHz, deve chegar a 860 bogomips, quase o desempenho do meu velho laptop de 2001. Para isto, gasta 3 watts de energia -- o mesmo que um computador desktop desligado -- e não precisa de ventilação.

Isto é "limitado"? Essa é uma palavra que não significa nada. Parece papo daquels lojas que anunciam computadores "completos". Isto é marketing e anti-marketing, não jornalismo.

Mais além, a matéria diz que não será possível avaliar quando o projeto UCA custará aos cofres públicos.

Pô, era só ter pesquisado. Se os 60 milhões de envolvidos no ensino básico receberem seus laptops, o governo gastará R$ 5.321.782.371,97 por ano .

Se todos os brasileiros receberm um laptop (projeto fictício Um Computador Por Cidadão), o poder público gastará 16 bilhões de reais por ano, ou quatro reais por mês, por cabeça. E economizará outros bilhões em comunicação, agilização da burocracia, pesquisas e estatísticas, eleições etc.