O que sai na mídia sobre aprendizado digital

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Negroponte está explorando os pobres?

Pesadas críticas em relação ao OLPC:

"MIT and Negroponte are exploiting the world's poorest countries with OLPC"

http://www.ntb.no/article.aspx?Section=NTBPRM&RefID=2426708&MainGroup=8192

Equivocadas, no meu entender. Não sou nenhum fã de Negroponte, mas vamos analisar a situação com dados:

1. É caro.

Não é caro, como demonstra esta planilha de custos. Não só não é caro, como custa metade do preço de alternativas.



A planiilha acima, na parte referente ao Fundeb, mostra que o custo dos laptops pode perfeitamente caber no orçamento de escolas. Cada escola (com média de 330 alunos e 12 professores) receberá mensalmente R$ 8.360,00 do Fundeb. O projeto UCA poderá custar R$ 2.600,00 por escola a cada mês.



2. Risco tecnológico

Quem acompanha os canais de comunicação do OLPC, verifica que o desenvolvimento está indo bem. O autor reclama da falta de planilha de cálculos. Mas os equipamentos OLPC são projetados para estarem sempre conectados à internet. Assim, crianças de 7 anos podem usar as planilhas do Google para realizarems seus cálculos de break-even e amortização de investimentos ;).

3. Erro de marketing.

"One thousand dollars laptop" é só marketing para gerar notícias. Pode ser criticado mas é bastante eficiente. Talvez um dia se chege a esse preço, mas isso não têm importância agora.

4. Wrong target group

"Children in the 6-12 age group don't need PC access in the way older children and young people do and therefore no such market exists today."

Hã? De onde ele tirou essa idéia? Não é o que o Laboratório de Estudos Cognitivos da Ufrgs e muitas outras entidades descobrem...

5. MIT and OLPC are unethical

"Every year in the west we destroy tens of millions of PCs which are far better than OLPC and which would cost not much more than a tenth of OLPC to put to use in developing countries. This is established technology which can run the latest software and get the recipients up to western levels of IT technology without delays. In the present circumstances this is a far better alternative."

É falta de experiência achar que equipamentos velhos e fora de uso possam ser usados num projeto de tal envergadura. Quasi-sucatas digitais têm papel na educação, mas como laboratórios para ensinar manutenção de microinformática, não para prover 60 milhões de estudantes.

  • Depois de cinco anos de uso, a vida útil de um equipamento usado é incerta. Podem (e vão) quebrar a qualquer momento.
  • Há uma enorme dificuldade logística para administrar milhões de equipamentos diferentes.
  • O custo em energia elétrica seria astronômico, como mostram as planilhas do link acima. Sem falar em manutenção. É como carro usado: o custo é sempre maior que de um carro novo.
  • Equipamentos velhos (digamos, de cinco anos atrás) são apenas levemente mais poderosos que o laptop XO, que é equivalente a micros desktop de 1999-2000.
Finalmente,

6. "For western organisations such as MIT, OLPC and their sub-contractors to benefit by transferring expensive and risky technology to the world's poorest countries, without any documented need for it, looks like exploitation to those of us who are really committed to global aid work."

Sem documentação de necessidade? Essa entidade necessita ler as dezenas de teses e dissertações do LEC (http://www.lec.ufrgs.br) e de outras organizações que estudam o aprendizado.

Não sei se o OLPC é bom para Burkina-Fasso ou Serra Leoa, mas me parece bom para o Brasil.

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