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sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Alô, mamãe, estou no laptop XO!

Finalmente faço parte do seleto grupo que tira fotos com sua cara no laptop das crianças.

Assisti à palestra de Juliano Bittencourt e farei o workshop do Laboratório de Estudos Cognitivos da Ufrgs , que está cuidando dos testes do projeto Um Computador Por Aluno (UCA) no Rio Gande do Sul.

E o XO vai para...

A escola gaúcha que receberá 400 laptops na fase de testes é de Porto Alegre, e será uma escola pequena. Todos os alunos e professores ganharão seu laptop. Não foi divulgado ainda o nome do estabelecimento, mas é alguma escola com a qual a Psicologia da Ufrgs já trabalha.

(Não invejem: a máquina é o primeiro beta e tem muita coisa ainda a arrumar. As de produção serão bem melhores, emborrachadas, tudo funcionando justinho).

Minhas impressões sobre a maquininha: é muito legal!
  • Tem o desempenho levemente inferior ao do AMD K6-2 500MHz/196MB que usei de 2000 a 2005 (e que minha mulher ainda usa em 2007).
  • A resolução de vídeo é assombrosa, apesar da tela pequena para um adulto. O display é mais rígido que telas LCD comuns, e apresenta uma "textura" muito pequena tipo brim, enviezada, em vez dos quadradinhos normais do LCD. O antialiasing é perfeito. Não é possível se distinguir qualquer pixel a olho nú. O chip responsável pelo display apresenta elementos pretos na tela de 1200x900 e os elementos coloridos, na tela de resolução mais baixa. Há boatos que a resolução colorida seria de 1024x768 pixels. Mas, mesmo se for de 640x480, não dá pra notar pixelização.
  • O teclado de silicone é bem suave, mais molinho que do meu antigo TK-85. Mas, para ser macio, as áreas em volta das teclas precisam ser muito finas. Achei o ponto mais fraco do aparelho, em termos de resistência ao uso. Se for fácil trocar, não há problema.
  • A placa de rede WiFi troca dados a 1,4 km de distância -- segundo testes na Austrália -- e vai custar 10 dólares. Compare com o WiFi D-link DWL-G132, que comprei por 150 reais e alcança só até 100 metros.
  • A câmera é melhor do que qualquer webcam que eu já tenha visto. Tive a sensação que o delay -- o tempo em que uma imagem leva entre ser captada e aparecer na tela -- é metade do delay de minha webcam LG LIC-200.
  • O aparelho é um pouco pesado na parte de cima, quando usado como leitor de livro (ou como console de videogames, que ninguém é de ferro). Mas dá pra levar ao banheiro.
  • Curiosidade: os laptops Btest-1 têm 256 megabytes de memória em vez dos 128 MB (para que o desenvolvedores tenham espaço para trabalhar e fazer otimizações, diminuindo o tamanho dos programas básicos do Linux); Haverá mais três séries de máquinas beta-teste até o meio do ano.
  • Papo de micreiro (pule este parágrafo): Se os micros dos anos 70 e 80 tinham um interpretador de linguagem Basic embutido, o laptop XO tem a linguagem Forth, muito mais poderosa que Basic. É uma linguagem maluca que trabalha com notação polonesa invertida, como as calculadoras HP-12C, e parece filha de assembly com Logo. Forth aparece rapidamente no cenário quando se liga o XO. É a camada de software chamada OpenFirmware, usada como carregador do Linux -- o bootloader. Mas se a gente interromper o boot (teclando algo), tem em mãos a mais poderosa linguagem de hacking jamais inventada nesta parte da galáxia.
Opinião: tanto o LEC da Ufrgs quanto o LSI da Poli/SP são OLPC biased, têm ligações históricas e filosóficas com o MIT, Papert, Kay. Isto se junta ao fato de que o hardware e recursos do XO são superiores aos demais, e que seu custo é menor. Acredito que o XO será escolhido para o projeto Um Computador por Aluno, e se transformará no cavalo de batalha do ensino brasileiro. Não que não se usem outros sistemas, mas a proposição do OLPC é a mais completa e mais adequada aos tempos de portabilidade que virão.

Do ensino para todo o cidadão latino-americano, é um pulo.

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