O que sai na mídia sobre aprendizado digital

domingo, 25 de novembro de 2007

Wall ST. journal on the OLPC

O Wall Street journal tem matéria grande sobre OLPC num tom de "o projeto está falhando".

http://online.wsj.com/article/SB119586754115002717.html?mod=home_we_banner_left

A abordagem é a mesma que inunda a mídia: tratam o OLPC como se fosse uma marca de laptops, não um projeto educacional.

Além do que já se conhece (supostos "concorrentes" ao XO, como o Classmate, Eee), algumas informações novas como o stress entre a OLPC e os fornecedores. "Todos estão com pavio curto", teria dito Negroponte.

Não sei se foi delírio do OLPC, ou se a organização tem consciência disso. Mas eu nunca vi um projeto de TI respeitar cronograma. Atrasos num projeto tão grande assim, que nunca foi tentado antes, acho normal e esperado.

Primeiro, a concepção do sistema é muito complexa. Portanto, sujeita muitos bugs, como o maldito bug do dormir/acordar. A indústria nunca deu bola pra isso porque não interessava. O Windows, por exemplo, não consegue acordar de uma em cada 20 hibernadas. Freqüentemente dongles wi-fi não são reconhecidos quando o laptop acorda, obrigando a gente a tirar e inserir de novo o dispositivo sem fio. Já o XO precisa dormir e acordar um milhão de vezes sem defeitos. Isso não é coisa que se resolva de um dia para outro.

Depois, uma iniciativa desta envergadura  vai mexer com estruturas sedimentadas há anos, milhões de cabeças que precisam mudar sua visão tradicional de ver educação. Para isso, são necessários testes, vários pilotos, avaliações, etc. Exatamente como os governos argentino, uruguaio e brasileiro estão fazendo. Essas coisas demandam tempo.

Fora isso, a Intel continua tentando sabotar o projeto, agora dentro da trincheira. Sem projeto pedagógico consistente, sem possibilidades de inclusão familiar (por que não tem rede mesh como XO ou Mobilis), a Chuck Norris dos processadores continua vendendo laptops para educação como se educação precisasse só de laptops.

Mas a imprensa só olha o lado industrial do projeto, porque escolas e governos não são anunciantes e não têm ações na bolsa.

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